Estava eu no hospital da gamboa lendo à sombra acolhedora da mangueira centenária, à espera da doutora com nome inventado de deusa e sobrenome de santa e flor, quando me ocorreu pensar na expressão que define o Deus uno e trino em que acredito: “vivo et vero” – e pela primeira vez entendi o grito de Tertuliano: “creio porque é absurdo!” – motto definidor da minha alma antes mesmo que eu o entendesse, porque é sim um paradoxo dizer-se vivo e verdadeiro, isto é, simultaneamente finito e infinito, no tempo e fora dele, eternamente vivo, carne imperecível, corp’ alma, e por isso Deus e promessa de um futuro que já está aqui, ao alcance da mão, à distância de um sopro, que não cessa de trazer as suas graças