Gaza
Ouço um trovão. Intenso, mas longe o bastante para não produzir nenhum relâmpago. Penso em Gaza no horror que deve ser ouvir um som semelhante e saber que se trata de uma bomba: em algum lugar desse mundo um sujeito perplexo como eu sofre por conta do som do que poderia ser apenas um trovão. Um sujeito como eu – fraco, frágil, mais um entre muitos – colhido por esse turbilhão aterrador e incompreensível que no entanto nos exige adesão e ódio.
É preciso odiar porque é impossível compreender. Somos entulhados de informações e fatos, sequências de fatos que se encadeiam à História com H de Horror e fornecem a justificativa moral de nosso Hódio com H de Horror temperado por alguma Hética com H de Horror numa progressão que nos condução à Hirremediável conclusão de que há de haver um culpado.
Quando voltaremos a ser apenas omens sem esse h mudo de medo? Quando foi que o H maíúsculo da História penetrou nossa Hessência e nos tornamos Hisso: judeus, árabes, muçulmanos, cristãos, brancos, pretos, amarelos atados por um longo rio do mesmo sangue que nos afoga a todos?
A História é nome que damos à Vingança perpétua e sem trégua. Aprendemos matar, mas quando aprenderemos a morrer?
* * *
Há os que esperam compreender para melhor odiar.
Para esses, não haverá salvação.
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H de …itler
Que é um outro nome do Horror…
Gostei muito da sua crônica. Vc explicou muito bem o que sentimos com essa guerra. Parabéns!
Obrigado, Lourdes!